segunda-feira, 25 de abril de 2016

Soma de frações

   Uma das minhas maiores artes é a de me distrair, você sabe. Estou aqui, ali e, daqui a pouco, acolá. E a gente bem sabe que não é de propósito. Só parece que minha mente gosta de vagar por aí, caçando as coisas mais aleatórias para serem ditas. Mas quem sabe se formos romantizar isso aqui, talvez seja bonitinho até. Sei lá, gosto de pensar que uma dessas informações perdidas por aí pode ser bastante importante. Pra que? Não sei bem... É só que nada parece acontecer por acaso e eu gosto de procurar por motivos.
   Acho que às vezes é por isso que eu me perco aqui dentro. Pô, tanta coisa acontecendo e a gente nem aí pra elas. Gosto de pensar que estou colecionando frações de histórias de pessoas que nem me conhecem. Uma pequena parte de algo importante para alguém pode soar aleatório aos meus ouvidos (e soa mesmo). Só que nas horas vagas, aquele fragmento vira várias histórias diferentes na minha cabeça. 
   Aquele botão de camisa que eu achei no chão podia ser de alguém que estava saindo pela primeira vez com um outro alguém. E a falta daquele botãozinho pode ser a causa de uma ansiedade enorme, de uma insegurança desnecessária ou sei lá o que mais. Pra mim? Aquilo é só um botão. Mas na vida de outrem, pode ser só o início de uma história muito maior e eu nunca saberei.
   Várias vezes ouvi que penso demais ou que sou aleatória demais. E, sabe qual é? Sou mesmo. Mas talvez isso nem seja um problema real. Eu só não gosto de pensar que histórias podem se perder por não serem contadas.
   Sabe aquele bilhete que eu te dei? Ou aquele olhar que trocamos? Então, eles são fatos isolados pra quem observa de fora, mas eu sei que não são! São pequenas frações da nossa história, assim como de muitas outras que eu caço por aí. E quando eu vejo que nós construímos todos os dias mais frações desse conto de fada bagunçado, gosto de pensar que no mundo existem outras pessoas capazes de amar tanto assim! 
   E não, nossa história não é igual a nenhuma outra... Porque só nós sabemos ela inteira (quer dizer, ela ainda está sendo construída, mas você entendeu). Mas eu prefiro dar continuidade aos contos alheios para que eles não se percam. Eu nem sei se os envolvidos querem mante-los, mas não há história que não mereça ser contada.
   Eu espero que nossas frações tenham inspirado tantas outras pessoas a criarem... Porque cada fração sua, me inspira a criar uma fração minha melhor! Você me faz uma pessoa melhor. Você entende que minhas viagens não estão ali a toa... E outra coisa, que talvez você não saiba, você me deu um novo hobby desde que apareceu na minha vida.
   Gosto de passar meu tempo pensando em formas de te fazer sorrir, de te fazer feliz. Seja como for. Soltando pum com a boca na sua barriga, contando piadas ruins, fazendo careta, fazendo meleca, sendo ingênua demais, fazendo companhia, adivinhando coisas, fazendo comidinha gostosa (ou só comprando umas mesmo)... Seja como for, o que eu quero é te fazer sentir completo! Isso não é uma simples distração, é a construção da história que mais deveria me importar: a minha. E eu quero contruí-la toda com você! Daí que cabe uma correção na linha de cima, a história é nossa! Fração por fração, ela tem sido a mais completa de todas!

sábado, 31 de janeiro de 2015

A um amigo, com carinho

     Numa dessas conversas a toa eu cheguei a conclusão de que muitas vezes nós não enxergamos que merecemos algo melhor. Ou só demoramos para perceber isso. É bem compreensível se prender ao certo do que se perder no duvidoso, mas será que esse "certo" é realmente o que parece ser?
     A situação é um pouco mais difícil se tratando de outras pessoas, porque (como todos nós) elas podem ser completamente imprevisíveis. E não é simplesmente sair jogando a culpa na outra pessoa não, nossas mentes tendem a ser nosso maior inimigo. Isso porque nosso poder de fantasiar, imaginar e distorcer vão muito além. Às vezes a pessoa não é (e nem tenta ser) tudo aquilo que sempre sonhamos, mas por um simples capricho a transformamos naquilo que queremos.
     Mas por que tanta pressa de encontrar o alguém "certo"? Minha vó sempre diz: "Menina, a pressa é inimiga da perfeição"... E não é que ela tem razão? Bom, não que você vá encontrar alguém perfeito (vai por mim, você pode até pensar que sim, mas não vai). Pensa bem, se você tem seus defeitos e qualidades, não seria pedir demais que os outros fossem feitos só de adjetivos bons? Até porque esse negócio de bom e ruim é pra lá de subjetivo, convenhamos.
     Eu não vou negar que já passei (e não posso dizer que nunca mais passarei) noites - e às vezes dias inteiros - me perguntando coisas bobas do tipo: "será que ele lembra de mim?", "será que às vezes ele pensa no meu beijo?", "será que ele já sonhou comigo ou passou uma noite acordado pensando em mim?", "será que alguma vez, mesmo que sem querer, ele se pegou lembrando de mim por qualquer motivo bobo?", "aliás, será que ele já abriu aquele sorriso bobo por mim?". 
     Esses e mais um monte de outros "serás" só se formam por um único motivo: quem não quer um alguém especial pra preencher as respostas com os mais diversos "sims", "claros" e "com certezas"? Quem não quer alguém que mande uma mensagem só pra dizer que tal coisa o fez lembrar de você ou que está com saudades? Quem não quer alguém que brinque com seu cabelo sem que você precise pedir ou te dê abraços porque deu vontade (e não é só você que sente isso)? Quem não quer alguém que escreva notas mentais sobre você, só pra que, lá na frente, ele venha a arrancar um sorriso seu quando mostrar que não se esqueceu? Quem não quer alguém atento aos detalhes? Quem não quer alguém que sinta o cheiro da sua pele e relacione com algo que ele goste? Quem não quer alguém pra dividir um amor ao invés de vivê-lo sozinho?
     Eu não estou aqui pra dizer que nesse mundo não existe alguém que não procura por isso (até porque deve ter), mas a grande maioria das pessoas já quis, quer ou vai querer viver um grande amor. No entanto, aparentemente o clichê, de que só o tempo e o espaço que trazem esse tipo de coisa, está certo. Porque, em grande parte das vezes, nossas loucas caçadas do alguém "certo/perfeito" resultam em ilusões que nós mesmos criamos. 
     Se abra a novas experiências, acredite nos seus sonhos, corra atrás dos seus objetivos, crie um novo hobby, faça novas amizades, preencha seu tempo livre... Quem sabe assim a espera não passe um pouco mais rápido?! Viva sua vida e esteja aberto ao que ela tem a te oferecer. Quando achar alguém que pareça valer a pena, não se prenda às experiências passadas que te frustraram, vá com calma e dê uma chance. Nunca se sabe quando algo de bom está prestes a acontecer. E se, de repente, perceber que os seus defeitos e os defeitos dele não importam tanto, você verá que o amor vai muito além de encontrar aquele alguém perfeito. Se permita!

domingo, 25 de janeiro de 2015

Algumas constatações sobre mim

     Eu estava pensando e recentemente acabei repetindo a frase "a minha vida anda uma bagunça" muitas vezes. É verdade que na maioria delas eu estava (ou pelo menos, achava que estava) apenas brincando ou fazendo drama. Mas hoje eu parei para analisar meus últimos meses, coisa que eu costumo fazer com uma certa frequência quando tenho tempo, e realmente tem sido tudo uma bagunça! Meu mundo parece ter virado de ponta cabeça e sido remexido por completo, eu não consigo encontrar o início, o meio e o fim de cada uma das minhas partes.
     Não estou reclamando nem nada, talvez eu esteja apenas assustada com a velocidade com que as coisas têm acontecido. Não posso dizer que minha vida está como eu sonhei que estaria nesse momento (não mesmo), mas sabe de uma coisa? Eu não me arrependo de ter saído do planejado. Ontem terminei de ler um livro em que a personagem principal escolhe sair da rotina para ir em busca do seu Grande Talvez. Acho que dei o primeiro passo em busca do meu sem nem perceber. Apenas me dei a chance de recomeçar, dessa vez de verdade.
     Como deve ter ficado aparente, muita coisa mudou pra mim e em mim. Eu logo imaginei que o ano que passou traria muita coisa nova: faculdade, cidade nova, morar sozinha, mais responsabilidades, mais saudade, menos tempo... Essas coisas, sabe? Pois é, com certeza todas elas aconteceram (e ao mesmo), mas aparentemente o destino me reservou muito mais do que isso. 
     Eu realizei sonhos que eu pensei que fossem levar muito mais tempo para acontecerem, conheci pessoas (incríveis, por sinal) que eu nunca imaginei que conheceria, senti o que jurei que não sentiria, sorri mais do que pensei ser possível, chorei de rir de coisas que nem eram tão engraçadas (para as outras pessoas, claro), [...], mas duvidei de muita coisa também... inclusive de mim mesma.
     É difícil admitir esse tipo de coisa, mas sim, eu duvidei que fosse capaz de superar alguns dos obstáculos que encontrei. Eu sei que a maior parte das pessoas duvida de si mesmo em algum momento da vida... Só que é tão triste pensar que eu quase desisti de planos, objetivos e sonhos antigos por duvidar que fosse capaz de transformá-los em realidade. No entanto, eu tenho a sorte de ter uma família e amigos que acreditam em mim e me apoiaram, me fizeram ver que eu era sim capaz de tudo aquilo e muito mais.
     Mesmo assim era difícil acompanhar a velocidade da minha própria vida. Eu nem mesmo sabia se tinha ido parar no curso certo na faculdade! Eram provas atrás de provas, noites sem dormir, finais de semana corridos e, no final das contas, eu só queria chorar um pouquinho (mesmo que sem um motivo). Uma coisa deve ser dita: meu primeiro semestre não foi um dos melhores. Quer dizer, eu também fiz coisas legais (claro), é só que... Bem, acho que eu só não estava preparada para tudo aquilo. Afinal, quem está preparado pra mudar de vida completamente de uma vez só?!
     Passados os momentos de desespero iniciais, veio a calmaria (também conhecida como férias). O que não foi sinônimo de matar saudades e dormir até o meio dia. Na segunda semana de recesso eu viajei para fora do país pra estudar inglês... Depois do semestre difícil que eu tinha enfrentado, bem, minhas expectativas sobre o intercâmbio não eram lá tão altas. E isso foi bom, porque a vida lá foi melhor do que eu podia imaginar. Tudo bem que eu tive que me acostumar com uma vida nova de novo no mesmo ano, mas quando você encontra uma segunda família para te ajudar, tudo fica mais fácil.
     E foi exatamente isso que aconteceu, todos nós estávamos de alguma forma sozinhos ali e nessa nossa solidão foi que acabamos nos unindo. Era basicamente uma família de verdade, com brigas, risadas, preocupação, alegria, choros, abraços, voadoras, piadas, elogios, broncas... E cada vez que um ia embora de volta pro seu país, ficava um buraco em cada um de nós. 
     Eu não esperava que quando eu voltasse para o Brasil tudo ia estar estático, apenas me esperando para voltarem a ter vida... Mas eu não imaginava o quanto as coisas teriam mudado. Primeiro, porque nem eu era mais a mesma. Eu não podia esperar que as outras pessoas não tivessem mudado também. De qualquer forma, meu segundo semestre tinha se iniciado mais desnorteado que o primeiro.
     De início, eu vivia sonhando em voltar pro meu intercâmbio e fui levando as coisas por aqui com o mínimo de esforço necessário. Mas a ficha caiu, meu lugar é aqui! "Eu tenho que viver o meu agora" e foi aí que outra Laura surgiu ("mas de novo?" Sim, de novo). Essa nova versão de mim queria festa, queria pouco tempo pra pensar nos problemas, queria ver gente nova, queria uma nova perspectiva. 
     Foi assim que eu conheci mais gente, fiquei mais empolgada com a faculdade e com a vida no geral. Eu deixei de lado as dificuldades que essa minha nova vida tinha trazido e comecei a pensar no lado bom das coisas. Eu saía, dançava, ria, conversava e não queria mais voltar. Cada semana eu arrumava um lugar diferente pra ir e ficar em casa estava fora dos planos. E foi nesse ponto que eu percebi que tinha perdido a chance de conviver com pessoas incríveis há mais tempo.
     É óbvio que querer esquecer todos os problemas de uma vez podia trazer mais alguns probleminhas... Cometi alguns erros sim, mas muito mais acertos. Inclusive, aprendi que pra recomeçar não é preciso sair da cidade, mudar de cabelo ou trocar suas roupas... Só é preciso querer viver algo novo de verdade.
     "E foram todos felizes para sempre?" Como a minha vida não é uma fábula (e nem chega perto disso), ainda tinha algumas coisas pendentes. Eu estava mais feliz com certeza... Mas com as aulas acabando, mais tempo livre, menos festas... Bem, eu me perguntei se a minha vida seria baseada apenas naquilo e ponto...
     Demorou, mas eu cheguei a conclusão de que eu sou mais do que essa Laura que não quer preocupações demais. Eu com certeza quero festas, risadas, dança, música, conhecer gente nova, conhecer gente que eu já conheço (ou acho que), viajar, ser feliz, fazer os outros felizes, amar, ser amada, abraçar, ser abraçada, experimentar o novo, rexperimentar o velho, viver histórias para contar no futuro, viver histórias que vão ficar melhores se guardadas só na mente de quem as viveu... É claro que eu quero tudo isso! Mas eu não posso esquecer que eu também gosto de me preocupar um pouco, de cuidar de mim, de cuidar dos outros, de sentir a calmaria, de sentir a brisa, de ficar sozinha um pouco, de ter tempo pra quem se importa... Eu não posso querer apagar uma parte de mim, eu não posso me apagar! 
     Se eu terminei de me descobrir? Não... Nem acho que isso vá acontecer um dia, mas estou tentando me dar uma chance para me mostrar aos poucos. Porque dessa vez eu estou saindo atrás do meu Grande Talvez e é por vontade própria!