Eu estava pensando e recentemente acabei repetindo a frase "a minha vida anda uma bagunça" muitas vezes. É verdade que na maioria delas eu estava (ou pelo menos, achava que estava) apenas brincando ou fazendo drama. Mas hoje eu parei para analisar meus últimos meses, coisa que eu costumo fazer com uma certa frequência quando tenho tempo, e realmente tem sido tudo uma bagunça! Meu mundo parece ter virado de ponta cabeça e sido remexido por completo, eu não consigo encontrar o início, o meio e o fim de cada uma das minhas partes.
Não estou reclamando nem nada, talvez eu esteja apenas assustada com a velocidade com que as coisas têm acontecido. Não posso dizer que minha vida está como eu sonhei que estaria nesse momento (não mesmo), mas sabe de uma coisa? Eu não me arrependo de ter saído do planejado. Ontem terminei de ler um livro em que a personagem principal escolhe sair da rotina para ir em busca do seu Grande Talvez. Acho que dei o primeiro passo em busca do meu sem nem perceber. Apenas me dei a chance de recomeçar, dessa vez de verdade.
Como deve ter ficado aparente, muita coisa mudou pra mim e em mim. Eu logo imaginei que o ano que passou traria muita coisa nova: faculdade, cidade nova, morar sozinha, mais responsabilidades, mais saudade, menos tempo... Essas coisas, sabe? Pois é, com certeza todas elas aconteceram (e ao mesmo), mas aparentemente o destino me reservou muito mais do que isso.
Eu realizei sonhos que eu pensei que fossem levar muito mais tempo para acontecerem, conheci pessoas (incríveis, por sinal) que eu nunca imaginei que conheceria, senti o que jurei que não sentiria, sorri mais do que pensei ser possível, chorei de rir de coisas que nem eram tão engraçadas (para as outras pessoas, claro), [...], mas duvidei de muita coisa também... inclusive de mim mesma.
É difícil admitir esse tipo de coisa, mas sim, eu duvidei que fosse capaz de superar alguns dos obstáculos que encontrei. Eu sei que a maior parte das pessoas duvida de si mesmo em algum momento da vida... Só que é tão triste pensar que eu quase desisti de planos, objetivos e sonhos antigos por duvidar que fosse capaz de transformá-los em realidade. No entanto, eu tenho a sorte de ter uma família e amigos que acreditam em mim e me apoiaram, me fizeram ver que eu era sim capaz de tudo aquilo e muito mais.
Mesmo assim era difícil acompanhar a velocidade da minha própria vida. Eu nem mesmo sabia se tinha ido parar no curso certo na faculdade! Eram provas atrás de provas, noites sem dormir, finais de semana corridos e, no final das contas, eu só queria chorar um pouquinho (mesmo que sem um motivo). Uma coisa deve ser dita: meu primeiro semestre não foi um dos melhores. Quer dizer, eu também fiz coisas legais (claro), é só que... Bem, acho que eu só não estava preparada para tudo aquilo. Afinal, quem está preparado pra mudar de vida completamente de uma vez só?!
Passados os momentos de desespero iniciais, veio a calmaria (também conhecida como férias). O que não foi sinônimo de matar saudades e dormir até o meio dia. Na segunda semana de recesso eu viajei para fora do país pra estudar inglês... Depois do semestre difícil que eu tinha enfrentado, bem, minhas expectativas sobre o intercâmbio não eram lá tão altas. E isso foi bom, porque a vida lá foi melhor do que eu podia imaginar. Tudo bem que eu tive que me acostumar com uma vida nova de novo no mesmo ano, mas quando você encontra uma segunda família para te ajudar, tudo fica mais fácil.
E foi exatamente isso que aconteceu, todos nós estávamos de alguma forma sozinhos ali e nessa nossa solidão foi que acabamos nos unindo. Era basicamente uma família de verdade, com brigas, risadas, preocupação, alegria, choros, abraços, voadoras, piadas, elogios, broncas... E cada vez que um ia embora de volta pro seu país, ficava um buraco em cada um de nós.
Eu não esperava que quando eu voltasse para o Brasil tudo ia estar estático, apenas me esperando para voltarem a ter vida... Mas eu não imaginava o quanto as coisas teriam mudado. Primeiro, porque nem eu era mais a mesma. Eu não podia esperar que as outras pessoas não tivessem mudado também. De qualquer forma, meu segundo semestre tinha se iniciado mais desnorteado que o primeiro.
De início, eu vivia sonhando em voltar pro meu intercâmbio e fui levando as coisas por aqui com o mínimo de esforço necessário. Mas a ficha caiu, meu lugar é aqui! "Eu tenho que viver o meu agora" e foi aí que outra Laura surgiu ("mas de novo?" Sim, de novo). Essa nova versão de mim queria festa, queria pouco tempo pra pensar nos problemas, queria ver gente nova, queria uma nova perspectiva.
Foi assim que eu conheci mais gente, fiquei mais empolgada com a faculdade e com a vida no geral. Eu deixei de lado as dificuldades que essa minha nova vida tinha trazido e comecei a pensar no lado bom das coisas. Eu saía, dançava, ria, conversava e não queria mais voltar. Cada semana eu arrumava um lugar diferente pra ir e ficar em casa estava fora dos planos. E foi nesse ponto que eu percebi que tinha perdido a chance de conviver com pessoas incríveis há mais tempo.
É óbvio que querer esquecer todos os problemas de uma vez podia trazer mais alguns probleminhas... Cometi alguns erros sim, mas muito mais acertos. Inclusive, aprendi que pra recomeçar não é preciso sair da cidade, mudar de cabelo ou trocar suas roupas... Só é preciso querer viver algo novo de verdade.
"E foram todos felizes para sempre?" Como a minha vida não é uma fábula (e nem chega perto disso), ainda tinha algumas coisas pendentes. Eu estava mais feliz com certeza... Mas com as aulas acabando, mais tempo livre, menos festas... Bem, eu me perguntei se a minha vida seria baseada apenas naquilo e ponto...
Demorou, mas eu cheguei a conclusão de que eu sou mais do que essa Laura que não quer preocupações demais. Eu com certeza quero festas, risadas, dança, música, conhecer gente nova, conhecer gente que eu já conheço (ou acho que), viajar, ser feliz, fazer os outros felizes, amar, ser amada, abraçar, ser abraçada, experimentar o novo, rexperimentar o velho, viver histórias para contar no futuro, viver histórias que vão ficar melhores se guardadas só na mente de quem as viveu... É claro que eu quero tudo isso! Mas eu não posso esquecer que eu também gosto de me preocupar um pouco, de cuidar de mim, de cuidar dos outros, de sentir a calmaria, de sentir a brisa, de ficar sozinha um pouco, de ter tempo pra quem se importa... Eu não posso querer apagar uma parte de mim, eu não posso me apagar!
Se eu terminei de me descobrir? Não... Nem acho que isso vá acontecer um dia, mas estou tentando me dar uma chance para me mostrar aos poucos. Porque dessa vez eu estou saindo atrás do meu Grande Talvez e é por vontade própria!